sábado, janeiro 25, 2014

Dez documentários que irão mudar suas ideias sobre alimentação

OP
http://outraspalavras.net/outrasmidias/destaque-outras-midias/dez-documentarios-que-irao-mudar-suas-ideias-sobre-alimentacao/


Dez documentários que irão mudar suas ideias sobre alimentação

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Eles debatem obesidade, uso descontrolado de agrotóxicos, crueldade com animais. E propõem encarar boa comida como parte essencial da cultura humana 
Por Constantino Oliveira, no Obvious
Acredito que o ser humano se condiciona a determinados hábitos para facilitar a sua vida diária na sociedade. Criamos rotinas, processos e conceitos sociais para vivermos de forma harmoniosa entre nossos pares e para usufruir de um convívio pacífico e prazeroso. Muito do que fazemos são heranças atávicas de como os nossos pais nos criaram e dos valores que nos foram passados durante a nossa infância. E essa cultura e seus valores estão impregnados no nosso inconsciente, fazendo com que nos comportemos de uma ou de outra maneira. De certa forma, agimos e tomamos decisões nas nossas vidas baseados em crenças e valores das quais não temos consciência e não discernimos.
Assim, a nossa relação com a comida é também exercida, na sua maior parte, de maneira inconsciente. A mesa não é apenas um local para nos abastecer nutritivamente, mas um local de convívio importante. Um local de encontros familiares ou encontro com os amigos. Também é um local para relaxar e se desligar do trabalho, seja sozinho, com uma boa conversa, ouvindo uma música ou um noticiário, ou assistindo à televisão. Nesse sentido, a comida é um elemento agregador e de apaziguamento interno.
A comida também serve como um refúgio psicológico contra o estresse. Para algumas pessoas, quanto mais estressados e ansiosos, maior o desejo de comer. Assim, a comida funciona com uma válvula de escape para as nossas frustrações diárias.
A nossa relação atávica e social com a comida não se refere só à forma em que nós comemos, mas, principalmente, ao que comemos. Desde pequeno, ouve-se que uma criança saudável é aquela gordinha e bochechuda. Já, na mais tenra idade, o indivíduo cria estereótipos que vão se perpetuar ao longo da sua vida. Um docinho como prêmio por ter comido todo o prato, um sorvete pelo mérito de alguma conquista, um lanche em uma franquia fastfood midiática, no final de semana, para sair da monotonia doméstica. Mensagens subliminares que vão sendo incorporadas a nossa percepção sobre alimentação e sobre a nossa relação com a comida.
Dessa forma, chegamos a práticas alimentares que destoam, verdadeiramente, do que o nosso corpo está apto a receber. Somos produtos daquilo que ingerimos, seja mental ou fisicamente, portanto aquilo que lemos, assistimos, ouvimos e comemos é causa, na razão direta, daquilo que nos tornamos. Devemos analisar o tipo de alimento que estamos ingerindo e repensar, distante dos nossos atavismos e das nossas conveniências sociais, o que é melhor para o nosso corpo. Hoje, 33% das crianças brasileiras pesam mais do que deviam e, pela primeira vez, essa geração de crianças vem apresentando sintomas de doenças que só existiam anteriormente em adultos.
Longe de querer doutrinar ou propagar ideais vegetarianos ou de qualquer outra forma, penso que o dialogo, mais do que as disputas de filosofias e crenças pessoais, é extremamente relevante. Nunca fiz, nem acredito que regimes, em sua conotação estrita, funcione a longo prazo. Mas, creio que possamos melhorar nossos hábitos alimentares diários. Também entendo que não há uma “receita de bolo” para todos os indivíduos, mas acho que podemos tirar proveito da quantidade e qualidade (tem que filtrar muita coisa!) de informações que estão disponíveis nas livrarias, locadoras e na internet, e nos questionar sobre aquilo que realmente é importante para nós. Hoje, podemos agir melhor informados, diferentemente do que fomos “programados” a pensar durante a nossa vida, seja através da nossa cultura familiar, nossa cultura social, de uma cultura médica totalmente descompromissada ou das informações midiáticas da nossa indústria de alimentos. Podemos discernir melhor sobre o que é importante para uma criança e para um adulto ingerir.
Abaixo, segue a relação dos dez documentários que achei mais interessantes. Alguns desses documentários estão disponíveis nos seus próprios sites e outros se encontram facilmente no youtube ou por outros meios na internet. Boa sorte!
DOCUMENTÁRIOS
1. Muito além do Peso (Way Beyond Weight)
Pela primeira vez na história da raça humana, crianças apresentam sintomas de doenças que antes só existiam em adultos. Problemas de coração, respiração, depressão e diabetes tipo 2. Todos têm em sua base a obesidade. Esse documentário discute por que boa parte das crianças brasileiras pesam mais do que deviam. As respostas envolvem a indústria, o governo, os pais, as escolas e a publicidade. Com histórias reais e alarmantes, o filme promove uma discussão sobre a obesidade infantil no Brasil e no mundo.
2. A Carne é Fraca
Esse documentário mostra aspectos da indústria da carne de aves e gado que normalmente não são divulgados. Através de depoimentos de técnicos ambientais, médicos, pediatras e de jornalistas, ele nos possibilita entender a realidade de como e por que comemos.
3. Terráqueos (Earthlings)
Talvez, desta lista, é o documentário contém as imagens mais impactantes sobre como os animais são tratados até chegarem ao nosso prato. É um documentário sobre a absoluta dependência da humanidade em relação aos animais (para estimação, alimentação, vestuário, diversão e desenvolvimento científico).
4. Forks over Knives (Garfos ao invés de Facas)
Esse documentário talvez seja o que traga o maior número de dados substanciais para a mudança de um novo paradigma alimentar. Apesar dos avanços das tecnologias médicas, o ser humano se encontra cada dia mais doente. Cerca de 50% da população dos EUA toma, ao menos, um remédio receitado e as cirurgias de grande porte viraram rotina. Doença cardíaca, câncer e AVC são as três principais causas de morte no país, mesmo gastando-se bilhões anualmente para combatê-las. Os dados científicos mostrados nesse documentário são impactantes e instigantes.
5. Meet the Truth – Uma Verdade Mais que Inconveniente
Meat the Truth é um documentário que fala sobre o porquê tem se ignorado, repetidamente, uma das mais importantes causas da mudança climática no mundo: a pecuária intensiva. O documentário demonstra com dados estatísticos que a criação de gado gera mais emissões de gases de efeito estufa em todo o mundo que todos os carros, caminhões, trens, barcos e aviões somados. O título é uma provocação ao documentário de Al Gore e o porquê do ex-vice-presidente dos EUA não mencionar coisa alguma sobre o dano ecológico da pecuária intensiva no seu filme.
6. Food Matters (O Alimento é Importante)
Esse documentário é extremamente provocativo sobre diferentes aspectos dos nossos hábitos alimentares. Ele é contrário ao argumento da medicina moderna de que existe uma pílula para cada doença (a pill for every ill). Esse filme propõe educação e não medicação como uma forma de melhorar a vida do indivíduo.
7. Food Inc (Comida S/A)
O documentário concorreu ao Oscar em 2010. É um filme que traça muito bem o perfil sobre como são criados e abatidos os animais pela indústria de carnes, utilizando de excessos de hormônios e antibióticos. Através de entrevistas com pessoas que mudaram seus hábitos alimentares, ele também aponta possíveis soluções.
8. Planeat
O documentário fala da historia de três homens que dedicaram as suas vidas para descobertas de uma dieta alimentar que seria a mais indicada para o ser humano. Ele apresenta uma variedade de alimentos que são verdadeiramente importantes para a saúde e o meio ambiente. Esse documentário serviu de “matéria-prima” para o filme Forks over Knives.
9. Hungry for Change (Faminto por Mudança)
Dos mesmos diretores e produtores de “Food Matters”, esse é mais um filme que, de forma bem orquestrada, dá importantes argumentos para mudança de hábitos alimentares. Esse documentário mostra que, nós educando sobre o que se come e de onde vem a comida, nos podemos ter o controle da nossa aparência, da nossa saúde e da nossa vida.
10. Fat, Sick & Nearly Dead (Gordo, Doente & Quase Morto)
Finalizo essa seleção com um documentário leve, mas inspirador. O documentário fala da saga de alguns personagens que, através da mudança de hábitos e da alimentação, conseguiram mudar as suas vidas e contornar doenças físicas e emocionais.

sexta-feira, janeiro 24, 2014

Pesquisa da Oxfam expõe desigualdade escandalosa no planeta

carta maior
http://www.cartamaior.com.br/?/Editoria/Internacional/Pesquisa-da-Oxfam-expoe-desigualdade-escandalosa-no-planeta/6/30075


24/01/2014 - Copyleft

Pesquisa da Oxfam expõe desigualdade escandalosa no planeta

Segundo a Oxfam, cerca de 3,5 bilhões de pessoas ganham, somadas as suas rendas, o mesmo que as 85 pessoas mais ricas do mundo.


Marcelo Justo
Andy Hall/Oxfam

Londres - A desigualdade mundial é tão acentuada que até a Cúpula dos Ricos de Davos, que começou na quarta-feira, a citou como uma das grandes ameaças para a economia global. Um informe da organização humanitária Oxfam difundido segunda-feira ilustrou essa realidade com uma comparação que revela os extremos do desequilíbrio social em pleno século XXI. Segundo os cálculos da Oxfam, a metade da população mundial – cerca de 3,5 bilhões de pessoas – ganham, somadas as suas rendas, o mesmo que as 85 pessoas mais ricas do planeta. Esta aparente confluência no diagnóstico entre uma ONG que luta contra a pobreza global e o Fórum Econômico Mundial, organizador de Davos, termina com a identificação do problema.

Em uma pesquisa da empresa de consultoria internacional PricewaterhouseCoopers, publicada quarta-feira, ficava claro que as mil multinacionais que financiam o Fórum de Davos defendem que a desregulação e a redução do déficit fiscal são fundamentais para lidar com os problemas econômicos globais. No caminho oposto, a Oxfam pretende terminar com os paraísos fiscais, promover um sistema tributário progressista e salários dignos, todas soluções rechaçadas pelas multinacionais. A Carta Maior conversou com o chefe de pesquisa da Oxfam, Ricardo Fuentes-Nieva sobre os desafios de promover uma maior igualdade em um mundo  globalizado.

A Oxfam está participando em Davos e coincidiu com a avaliação do Fórum Econômico Mundial sobre os perigos colocados pela desigualdade. Mas as coincidências param por aí, não?

Ricardo Fuentes-Nieva: Em nosso informe nos vimos que em 24 dos 26 países mundiais que têm informações estatísticas dos últimos 30 anos a desigualdade aumentou. Colocado de outra maneira, sete de cada dez pessoas do mundo vivem em um lugar mais desigual que há 30 anos. Uma segunda conclusão de nosso informe é que os ricos têm uma crescente influência nos processos políticos, o que coloca sérios problemas de legitimidade. Por último, pensamos que não razões para que essa situação siga sendo assim. É um tema que pode ser corrigido com políticas públicas concretas.

Precisamente, mas o caminho que vocês apontam é o oposto daquele que ´r promovido em Davos.

RFN: Nós acreditamos que deve haver um combate global contra a evasão fiscal e os paraísos fiscais. O estouro financeiro de 2008 aprofundou a desigualdade com os programas de austeridade aplicados para solucionar uma crise que teve sua origem nos mais ricos do mundo e sua especulação financeira. Os paraísos fiscais foram fundamentais nesta especulação e constituem uma das chaves do desfinanciamento dos estados porque distorcem a política governamental. Por um lado, forçam políticas de redução fiscal para os mais ricos para que não recorram à evasão e à fuga de capital. Por outro, impedem políticas sociais e econômicas que reduziriam a desigualdade pela queda da arrecadação fiscal.

Desde a década de 70, a carga tributária diminuiu para os ricos em 29 dos 30 países onde existem dados disponíveis. Esta é uma política impulsionada pelo crescente poder político dos ricos e pelo desequilíbrio em favor das corporações na distribuição dos lucros econômicos entre trabalhadores e o capital.

O argumento mais citado em favor de salários baixos e vantagens tributárias é a competitividade das empresas em um mundo globalizado. Sem questionar a globalização atual, não parece haver solução para o problema da desigualdade.

RFN: É um ponto muito importante. Parte desta concentração de renda está vinculada à globalização que, ao mesmo tempo, teve aspectos positivos ajudando a que milhões de pessoas saíssem da pobreza. Mas o certo é que o salário real médio decresceu em muitos países. Não se pode afirmar que este fenômeno se deva pura e exclusivamente à globalização. É certo que os avanços tecnológicos que acompanharam a globalização foram enormes e geraram uma redistribuição econômica para grupos com maior nível de educação. Mas, ao mesmo tempo, a concentração de renda que temos visto nos últimos dois anos não pode ser explicada por este fator porque a globalização é um processo em curso há muito tempo.

A América Latina foi um dos lugares mais desiguais do planeta por muito tempo. Como avalia a situação da região nos últimos dez anos?

RFN: Acreditamos que ocorreram grandes progressos que demonstram que é possível melhorar as coisas se existe vontade política. Programas sociais como o Bolsa Família no Brasil, o Trabalhar na Argentina, o Chile Solidário, e Oportunidades no México, colocaram a América Latina na vanguarda de políticas inovadoras de intervenção estatal para lidar com a desigualdade. Mas é certo que isso não foi suficiente. Os protestos no Chile ou no Brasil são sinais de que resta muito por fazer. Ainda assim, a tendência é animadora na América Latina e muito melhor do que em outras partes do mundo.

O que pode ocorrer se não se modificar este panorama de crescente desigualdade global?

RFN: Estamos diante de um perigo de ruptura do contrato social e de dissolução da ideia de cidadania. Se os governos não refletem a vontade de grande parte da população, começam a perder legitimidade, dinamismo e colocam em perigo a democracia, os direitos humanos e outras conquistas. Neste sentido, para além de se a avaliação que Davos faz da desigualdade como uma das ameaças da economia mundial é um mero exercício de relações públicas, creio que não é em interesse das mesmas empresas de Davos que essa situação se desdobra. Esse desdobre não vai passar de um ano, mas há um perigo que a sociedade se torne esclerosada com um impacto concreto econômico e com um risco crescente de explosão social porque, agora, a desigualdade está afetando ao conjunto da sociedade de muitos países, incluindo as classes médias, que foram uma das grandes perdedoras da crise de 2008.


Tradução: Marco Aurélio Weissheimer

Dá para reverter a desigualdade social mundial?

ihu
http://www.ihu.unisinos.br/noticias/527565-da-para-reverter-a-desigualdade-social-mundial


Dá para reverter a desigualdade social mundial?

Um relatório da ONG Oxfam, publicado na segunda-feira, estima que as 85 pessoas mais ricas do planeta ganham o equivalente às 3,5 bilhões mais pobres.
A reportagem é de Marcelo Justo, publicada pela BBC Brasil, 23-01-2014.
No Fórum Econômico Mundial de Davos - que nesta semana congrega políticos, empresários e personalidades com um volume de negócios equivalente a quase a metade do PIB americano -, a desigualdade foi identificada como uma das principais ameaças à economia mundial.
Mas, ainda que todos concordem com a gravidade do problema, haverá esforços para solucioná-lo?
Nos últimos 30 anos, segundo a Oxfam, o 1% mais rico da população passou a abocanhar renda ainda maior, em 24 dos 26 países que forneceram dados sobre o período. O Brasil é citado como um dos poucos países onde a desigualdade está diminuindo.
Nos EUA, em 1978, um salário anual médio equivalia a US$ 48 mil (em valores atuais), e 1% da população ganhava US$ 390 mil. Em 2010, o salário médio caiu para US$ 33 mil, enquanto 1% da população ganhava mais de US$ 1 milhão.
O período coincide com a hegemonia da crença neoliberal promovida entre os anos 70 e 80 por políticos como Augusto Pinochet, no Chile, Ronald Reagan, nos EUA, Margaret Thatcher, no Reino Unido.
A ideologia, que emergiu triunfante com a queda do Muro de Berlim, prega regulação mínima do Estado sobre a atividade econômica, liberdade absoluta ao mercado e redução dos impostos aos mais ricos, a fim de promover o crescimento econômico.
Oxfam defende iniciativas que vão na direção oposta: "É preciso um combate global à evasão a paraísos fiscais. Um sistema de impostos progressivo. Um salário digno", disse à BBC Mundo Ricardo Fuentes-Nieva, chefe de pesquisas do órgão.
Estados costumam ser as únicas entidades capazes de intervir significativamente na redução da desigualdade em nível nacional, mas, para tal, necessita de dinheiro para financiar investimentos em saúde, emprego, educação ou previdência social.
Distorções
Nas últimas décadas, a elite mundial contribuiu decisivamente para o "desfinanciamento" estatal: segundo o Tax Policy Center, dos EUA, desde a década de 1970, a carga de impostos caiu para os mais ricos em 29 dos 30 países nos quais há dados disponíveis.
No mesmo período, o número de paraísos fiscais alcançou 50 a 60 jurisdições, que, segundo cálculo da revista The Economist, são o destino do equivalente a quase o dobro do PIB dos EUA.
O diretor da ONG Tax Justice InternacionalJohn Christensen, ilustra o impacto dos paraísos fiscais.
"No âmbito de indivíduos, a perda em receita fiscal é de cerca de US$ 225 bilhões. Em âmbito corporativo, ocorre uma distorção de preços. (Multinacionais) pagam pouco ou nada (para manter o dinheiro) no paraíso fiscal e, no país de origem, pagam menos do que deveriam porque seus ganhos ficam muito abaixo da realidade", afirmou à BBC Mundo.
Isso provoca distorções tragicômicas. Um único edifício nas ilhas Cayman, chamado de Ugland House, é a sede oficial de 18 mil empresas.
Nos Estados Unidos, Delaware, cuja população não chega a 1 milhão de pessoas, existem 945 mil empresas, mas de uma por cabeça.
E o Google faturou US$ 5 bilhões no Reino Unido em 2012, mas praticamente não pagou impostos por isso.
Políticas
A globalização financeira, a desregulação e a capacidade de mover a produção de um país a outro converteram esse poder econômico em uma força capaz de dobrar governos.
"A elite mundial está impondo políticas de Estado que lhes favoreçam", opinou Ricardo Fuentes-Nieva. "Isso produz uma 'deslegitimação' da democracia e do Estado."
O relatório da Oxfam diz que, em pesquisas conduzidas em seis países - Brasil, Espanha, Índia, África do Sul, Reino Unido e EUA -, a maioria dos entrevistados opinou que as leis tendem a favorecer os mais ricos.
ONG fez um chamado por mais responsabilidade à elite global - chamado que, segundo Fontes-Nieva, pode ter mais apelo por conta da profundidade e da extensão de potenciais turbulências globais.
"Estamos ante um perigo de ruptura do contrato social. Desta vez, o conjunto da sociedade, inclusive a classe média, se vê afetada. Precisamos lembrar que tratam-se de políticas públicas que podem ser mudadas. Se não forem, o impacto prejudicará as próprias elites, porque a crescente exclusão de consumidores pode acabar produzindo uma sociedade economicamente doente."
Sinais de debilidade não faltam: segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT), o desemprego mundial será de 6,1% neste ano, em comparação com 5,5% em 2008. Entre os jovens, a taxa será de 13,1%.
A íntegra do relatório, em espanhol, pode ser lida aqui.

US hints at Edward Snowden plea bargain to allow return from Russia

the guardian
http://www.theguardian.com/world/2014/jan/23/edward-snowden-nsa-plea-bargain-russia?CMP=EMCNEWEML6619I2


US hints at Edward Snowden plea bargain to allow return from Russia

Attorney general prepared to 'engage in conversation' with NSA whistleblower but says full clemency is 'going too far'
Edward Snowden in Moscow
Edward Snowden said in a live webchat on Thursday: 'Returning to the US is the best resolution for the government, the public, and myself.' Photograph: AP
The attorney general, Eric Holder, has indicated that the US could allow the national security whistleblower Edward Snowden to return from Russia under negotiated terms, saying he was prepared to “engage in conversation” with him.
Holder said in an MSNBC interview that full clemency would be “going too far”, but his comments suggest that US authorities are prepared to discuss a possible plea bargain with Snowden, who is living in exile in Russia.
Snowden, who took part in a live webchat at about the same time Holder’s remarks were made public, defended his leaks, saying weak whistleblower protection laws prevented him from raising his concerns through formal channels.
“If we had ... a real process in place, and reports of wrongdoing could be taken to real, independent arbiters rather than captured officials, I might not have had to sacrifice so much to do what at this point even the president seems to agree needed to be done,” Snowden said. 
He gave no indication in the live chat whether he would consider any plea bargain or negotiated return to the US.  Asked under what conditions he would return to his native country, Snowden replied: "Returning to the US, I think, is the best resolution for the government, the public, and myself, but it’s unfortunately not possible in the face of current whistleblower protection laws, which through a failure in law did not cover national security contractors like myself."
The Obama administration’s official line is that Snowden is a suspected felon and should be extradited from Russia, where he has been granted temporary asylum, to face trial in the US. Snowden has yet to be publicly indicted by the Justice Department, but in June it charged him with violations of the Espionage Act.
But Holder is the third senior administration official, including the president, who has made comments that raise the question of Snowden returning to the US under some kind of negotiated terms.
Jay Carney, the White House spokesman, was repeatedly pressed on Thursday over whether the administration “ruled out” clemency for the whistleblower. “He has been charged with felonies,” Carney replied. “I am not going to wade into those kind of assessments.”
MSNBC only released short excerpts of its interview with Holder, but reported the attorney general said he “would engage in conversation” with Snowden if he accepted responsibility for leaking government secrets.
Holder also said full clemency “would be going too far”, according to the network. Asked whether Snowden was a whistleblower, he replied: “I prefer the term defendant. That’s the most apt title.” 
The network said Holder made similar remarks at the University of Virginia, quoting him as saying: “We've always indicated that the notion of clemency isn't something that we were willing to consider. Instead, were he coming back to the US to enter a plea, we would engage with his lawyers. ”
Snowden has never denied leaking the documents, but insisted his decision to provide top-secret documents to reporters working for the Guardian and Washington Post was an act of conscience, designed to inform the public about the nature of NSA surveillance. 
In the webchat, Snowden said he did not believe he would receive a fair trial in the US. "The 100-year-old law under which I’ve been charged, which was never intended to be used against people working in the public interest, and forbids a public interest defence," he said. "This is especially frustrating, because it means there’s no chance to have a fair trial, and no way I can come home and make my case to a jury."
Snowden’s critics have argued that he is not a legitimate whistleblower because he did not take his concerns to intelligence inspectors general or members of Congress on the intelligence oversight committees.
A former NSA contractor with Booz Allen Hamilton, Snowden defended his leaks in the live chat, pointing out that intelligence-community contractors are not covered by whistleblower protection laws. 
“There are so many holes in the laws, the protections they afford are so weak, and the processes for reporting they provide are so ineffective that they appear to be intended to discourage reporting of even the clearest wrongdoing,” he said. 
“If I had revealed what I knew about these unconstitutional but classified programs to Congress, they could have charged me with a felony.”
The whistleblower’s supporters argue out that he would unable to mount a proper defence in a US courtroom, in part because he would be barred from discussing the classified government programs. 
A judge would also be likely to instruct the jury that Snowden’s intentions would not constitute a defence of the charges against him. Some scholars have said Holder should adapt the rules to recognise the unique nature of the case. 
“The Department of Justice and Snowden’s attorneys could agree to conduct it by a slightly different set of rules, rules that would permit the jury to consider the full extent of the alleged governmental wrongdoing he uncovered along with the full scope of his alleged crimes,” Alex Little, a former CIA analyst and assistant US attorney, wrote recently.
Holder’s remarks are the latest in a series of hints the administration might consider some kind of plea bargain with the former contractor. Such a move that would be deeply unpopular with intelligence officials and their supporters on Capitol Hill.
In remarks published six days ago, Obama appeared to leave the door open to some kind of arrangement with Snowden. 
A 17,000-word New Yorker profile of the the president, written by the magazine’s editor, David Remnick, quoted him as saying Snowden was  “not akin to Watergate or some scandal in which there were coverups involved”.  He also insisted “the benefit of the debate he generated was not worth the damage done, because there was another way of doing it”.
However, in remarks to Remnick the day before he gave last week's long-awaited speech on the NSA, Obama said: “I do not have a yes/no answer on clemency for Edward Snowden. This is an active case, where charges have been brought.”
Last month, Richard Ledgett, the NSA official in charge of assessing the alleged damage caused by Snowden’s leaks, raised the possibility of an amnesty in return for assurances that top-secret material could be secured.
“My personal view is, yes, it’s worth having a conversation about,” he told CBS News. “I would need assurances that the remainder of the data could be secured, and my bar for those assurances would be very high. It would be more than just an assertion on his part.”
In Thursday’s webchat, Snowden also said a report by the government’s independent civil liberties watchdog, the Privacy and Civil Liberties Oversight Board, vindicated his actions. The divided board found that the bulk collection of Americans’ phone data was illegal and ought to end. 
“There is simply no justification for continuing an unconstitutional policy with a 0% success rate,” Snowden said. 

terça-feira, janeiro 21, 2014

Entenda o que é REDD

o eco
http://www.oeco.org.br/dicionario-ambiental/27940-entenda-o-que-e-redd


Entenda o que é REDD
((o))eco - 20/01/14

 entenda-redd
REDD (Redução das Emissões por Desmatamento e Degradação florestal ou, em inglês, Reducing Emissions from Deforestation and Forest Degradation) é um conjunto de incentivos econômicos, com o fim de reduzir as emissões de gases de efeito estufa resultantes do desmatamento e da degradação florestal -- mudanças que prejudicam a floresta e limitam seus serviços ambientais. O conceito parte da ideia de incluir na contabilidade das emissões de gases de efeito estufa aquelas que são evitadas pela redução do desmatamento e a degradação florestal.
A preservação das florestas, além da redução nas emissões de gases do efeito estufa, tem o potencial de gerar outros benefícios substanciais, como impactos positivos sobre a biodiversidade e sobre a conservação de recursos hídricos. A "floresta em pé" também influencia a estabilização do regime de chuvas e, por consequência, o clima.
Histórico
A primeira versão do que viria ser o REDD resultou de uma parceria entre pesquisadores brasileiros e americanos, numa proposta conhecida como "Redução Compensada de Emissões", que foi apresentada durante a COP-9, em Milão, Itália (2003). Pelo documento, os países em desenvolvimento detentores de florestas tropicais que conseguissem promover reduções das suas emissões nacionais oriundas de desmatamento receberiam compensação financeira internacional correspondente às emissões evitadas. O conceito de redução compensada tornou-se a base da discussão de REDD nos anos seguintes.
O Protocolo de Kyoto, de 1997, excluiu as políticas relacionadas ao desmatamento e à degradação devido à complexidade das medições e monitoramento para os diversos ecossistemas e mudanças de uso da terra. Esta exclusão incentivou a formação da chamada "Coalition of Rainforest Nations" ou "Coalizão de Nações Tropicais", liderados por Papua Nova Guiné e Costa Rica. Este grupo, durante a COP-11, em Montreal, Canadá (2005) apresentou uma proposta similar à "Redução Compensada de Emissões" cujo objetivo era discutir formas de incentivar economicamente a redução do desmatamento nos países em desenvolvimento, detentores de florestas tropicais.
Mais tarde, na COP-13, em Bali, Indonésia (2007), chegou-se à Decisão 1/CP13, conhecida como "Mapa do Caminho de Bali": os governos dos países membros decidiram envolver-se em ações nacionais e internacionais contra a mudança climática. A adoção do documento resultou no conceito mais amplo de REDD +, que, além do desmatamento, inclui a a conservação florestal, manejo florestal sustentável e aumento dos estoques de carbono em áreas de floresta .
Na 15ª Conferência das Partes da UNFCCC (COP- 15), realizada em Copenhague em dezembro de 2009, os participantes assinaram o Acordo de Copenhague que confirmou a importância do REDD: "Nós reconhecemos o papel crucial da redução de emissões do desmatamento e degradação das florestas e a necessidade de intensificar a remoção de emissões de gases de efeito estufa por florestas e chegar a acordo sobre a necessidade de fornecer incentivos positivos para essas ações através do estabelecimento imediato de um mecanismo incluindo o REDD +, para permitir a mobilização de recursos financeiros dos países desenvolvidos."
O desenvolvimento do mecanismo de REDD tem progredido desde então, com a criação de um programa das Nações Unidas (UN-REDD) e o programa Parceria de Carbono Florestal (FCPF) do Banco Mundial. Os governos nacionais e o setor privado também desenvolvem seus próprios projetos.
REDD+
O conceito de REDD foi ampliado e é conhecido como REDD+: o sinal "+" inclui o papel da conservação, do manejo sustentável e do aumento de estoques de carbono nas florestas, indo além do desmatamento evitado e recuperação de florestas. Se refere à construção de um mecanismo, ou uma política, que deverá contemplar formas de prover incentivos positivos aos países em desenvolvimento que tomarem ações para a mitigação das mudanças climáticas: (1) Redução das emissões derivadas de desmatamento e degradação das florestas; (2) Aumento das reservas florestais de carbono; (3) Gestão sustentável das florestas; (4) Conservação florestal.
A principal (e mais controversa) estratégia oferece incentivos (compensações) para os países em desenvolvimento que reduzirem emissões de gases que provocam o efeito estufa provenientes de florestas e investirem em desenvolvimento sustentável e práticas de baixo carbono para o uso da terra. O financiamento virá de países desenvolvidos, dentro da lógica de responsabilidades diferenciadas que rege a Convenção do Clima.